Ela capturou um sentimento
Um céu sem telhado
O pôr-do-sol dentro de um quadro.
Embora seja uma canção linda, não foi City Of Stars que me encantou em La La Land: cantando estações. Foi com a música cantada pela personagem de Emma Stone em uma audição que finalmente compreendi a magia que envolve o filme do diretor Damien Chazelle.
Audition (The Fools Who Dream) evoca os artistas, atores, pintores e poetas que capturam sentimentos com sua loucura e seus sonhos, e condensa em seus versos o modo como a magia do cinema é mostrada com doçura e inocência ao longo do filme.
La La Land conta a história de amor da atriz Mia (Emma Stone) e do pianista Sebastian (Ryan Gosling) ao mesmo tempo em que perpassa os sonhos daqueles que almejam brilhar em Hollyhood.
Apesar da química entre os atores – Gosling bom e Emma Stone adoravelmente ótima -, o filme não traz grandes inovações no modo como narra o relacionamento dos jovens apaixonados, deixando claro algo que define La La Land como um todo: a atmosfera do filme importa mais que a história propriamente dita.
Com uma ambientação quase anacrônica em que celulares, computadores e alguns carros são os únicos elementos que nos tiram dos anos 1950, o filme evoca a era de ouro de Hollywood e homenageia clássicos do cinema. O vídeo abaixo reúne as referências de La La Land que vão de Cantando na Chuva a Moulin Rouge.
Toda essa nostalgia arrebata os cinéfilos e espectadores mais saudosos do espírito clássico da sétima arte e, a julgar pelas 14 indicações ao Oscar, a Academia. Por outro lado, esse resgate de uma temática mais tradicional também pode desapontar àqueles que buscam uma história mais inovadora ou um enredo mais contemporâneo.
Todo o hype criado em torno do filme tanto aumenta a expectativa quanto causa um certo cansaço em relação a produção, e a dúvida que fica é: La La Land é tudo isso mesmo?
Depende. Se você espera uma história que acrescente elementos novos a sua visão de mundo e até mesmo a sua bagagem cinematográfica, o filme pode ser apenas ok. Se você sente saudades dos grandes musicais e das histórias mais inocentes e despretensiosas, ou se você tem uma ligação mais pessoal com os bastidores da arte e do cinema, La La Land vai te arrebatar.
Mas se você abraçar a proposta de La La Land sem grandes pretensões ou opiniões pré-concebidas, o resultado pode ser um filme que não vai mudar sua vida e que pode até soar antiquado, mas que vai deixar a certeza de que pelo menos durante algumas horas o cinema pode te levar para um lugar mais feliz, um lugar onde os sonhos são possíveis.